Teixeirinha
Rolante, distrito de Mascaradas, Rio Grande do Sul, no dia 3 de março de 1927.
Filho de Saturno Teixeira e Ledurina Mateus Teixeira, teve um irmão e duas
irmãs. Aos seis anos de idade perdeu o pai e aos nove anos, a mãe. Ficando
órfão foi morar com parentes, mas estes como não tinham condições de
sustentá-lo, Teixeirinha saiu pelo mundo fazendo de tudo um pouco: trabalhou em
granjas do interior e quando veio para Porto Alegre carregou malas em portas de
pensões, vendeu doces como ambulante, entregador de viandas, vendeu jornais,
enfim fazia qualquer atividade para sobreviver. Aos dezoito anos se alistou no Exército, mas
não chegou a servir, quando nesta ocasião foi trabalhar no DAER (Departamento
de Estradas de Rodagem), como operador de máquinas durante seis anos. Dali saiu
para tentar a carreira artística cantando nas rádios das cidades do interior, tais
como Lajeado, Estrela, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul. Nesta última conheceu sua
esposa Zoraida Lima Teixeira, com quem se casou em 1957. Foram morar em
Soledade, em seguida mudaram-se para Passo Fundo, onde compraram um “Tiro ao
Alvo” que era cuidado por ele e sua esposa, e à noite Teixeirinha se
apresentava na Rádio Municipal de Passo Fundo.
Em 1959 foi convidado para gravar em São Paulo. Viajou na segunda classe de um
trem. Gravou seu primeiro 78RPM, de um lado a música “Xote Soledade” e do outro
lado “Briga no Batizado”. Segundo
depoimento de um dos membros da Gravadora Chantecler, Dr. Biaggio Baccarin, o
sucesso assim aconteceu: “A sigla PTJ,
no 78 RPM, abrigava três nomes: Palmeira, Teddy e Jairo, então diretores da
Chantecler e fundadores do selo sertanejo. Como se constata, “Coração de Luto” ocupou o
lado “B” do quarto disco gravado por Teixeirinha, o qual foi lançado sem
qualquer preocupação de sucesso, no entanto aconteceu espontaneamente após seis
meses de seu lançamento. As primeiras
reações vieram de Sorocaba e em pouco tempo já era sucesso nas demais cidades
da região. Foi nessa ocasião que a gravadora Chantecler resolveu trazer o
cantor para São Paulo, a fim de trabalhar o disco, cujo trabalho teve início
com um show na cidade de Sorocaba e, posteriormente, nas demais cidades do
Estado de São Paulo, até o triângulo mineiro.
O sucesso aconteceu em todo o Brasil, com venda superior a um milhão de
cópias no ano de 1961. Um acontecimento inédito na história da música popular
brasileira. Para se ter ideia deste fato, o disco Coração de Luto chegou a ser
vendido no câmbio negro em Belém do Pará. Havia fila para comprá-lo. A
gravadora não tinha condições de atender os pedidos e era obrigada a distribuir
cotas para cada loja. O fato de Belém do Pará foi registrado pelo saudoso
Edgard Pina, então agente da Chantecler naquela capital”.
Teixeirinha voltou para Passo Fundo, vendeu o “Tiro ao Alvo”
e se mudou para Porto Alegre. Foi chamado novamente pela Chantecler, desta vez
para morar na capital paulista e continuar a divulgação do sucesso de Coração
de Luto, no entanto, recusou domiciliar-se em São Paulo, voltando para Porto
Alegre. Com o que ganhou na excursão em
São Paulo, comprou uma casa, no “Bairro da Glória” em Porto Alegre, onde viveu
toda sua vida, e uma Kombi para viajar por todo o Brasil. Então,
definitivamente Teixeirinha assumiu a carreira artística, passando a trabalhar
em circos, parques, teatros, cinemas e demais casas de espetáculos. Como o
próprio cantor relatou em uma de suas últimas entrevistas à imprensa: “… onde
o povo me pediu para estar, eu fui…”(RBS/TV- julho/1985).” Teixeirinha começou a viajar para todo o
Brasil como o “Gaúcho Coração do Rio Grande”. Em 1963, ganhou o troféu “Chico
Viola” outorgado pela TV Record de São Paulo, no programa “Astros do Disco”, um
programa de gala da televisão brasileira e tinha por objetivo premiar os
melhores dos disco de cada ano e Teixeirinha ganhou por ter sido o cantor
campeão de vendagem por dois anos consecutivos, 1962/1963. Internacionalmente ganhou
o troféu “Elefante de Ouro” como maior vendagem de discos em Portugal.
cópias, a única no mundo mais vendida, superando cantores como Michael Jackson,
Julio Iglesias, cantores contemporâneos de grande vendagem de discos, mas não
de uma única música, como o caso de Coração de Luto, que continua na cotação de
uma das músicas mais vendidas. Em 1964,
Teixeirinha escreveu a história do filme “Coração de Luto”, que foi produzido pela
Leopoldis Som; em 1966, outro recorde de bilheteria. Em 1969, encenou no filme
“Motorista sem Limites” juntamente com Valter D’Avila, produzido por Itacir
Rossi. Em 1970 criou sua própria
produtora “Teixeirinha Produções Artísticas Ltda, pela qual escreveu, produziu
e distribuiu dez filmes, quais sejam: “Ela Tornou-se Freira” (1972);
“Teixeirinha 7 Provas”(1973); “Pobre João” (1974); “A Quadrilha do Perna Dura”
(1975); “Carmem a Cigana (1976); “O Gaúcho de Passo Fundo”(1978) ; “Meu Pobre
Coração de Luto”(1978); Na trilha da Justiça (1978); “Tropeiro Velho” (1980);
“A Filha de Iemanjá” (1981).
Durante vinte anos, apresentou programas de rádio diariamente com duas edições:
“Teixeirinha Amanhece Cantando”, e “Teixeirinha
Comanda o Espetáculo” e “Teixeirinha Canta para o Brasil” em diversas rádios da
capital, com transmissão para o interior e outros estados brasileiros. Recebeu nove discos de ouro, foi cidadão emérito
de vários municípios como Passo Fundo, Santo Antônio da Patrulha, Rolante e
outros.
América. Em 1975 foi para o Canadá, onde realizou dezoito espetáculos. Fez
shows na maioria dos países da América do Sul.
Teve nove filhos: Sirley Marisa; Líria Luisa; Victor Filho; Margareth;
Elizabeth; Fátima Lisete; Márcia Bernadeth; Alexandre e Liane Ledurina. Durante vinte e dois anos Mary Terezinha lhe
acompanhou com acordeon em shows, rádio e cinema. Gravou 49 Lps inéditos, com mais de 70 Lps,
incluindo regravações, atualmente sendo todos reeditados em disco laser,
gravando mais de 700 músicas de sua autoria, deixando um acervo superior a 1200
composições de sua lavra. Teixeirinha faleceu dia 4 de dezembro de 1985 e está
sepultado no Cemitério da Santa Casa, quadra n.4, túmulo n.4, na capital
gaúcha.