O poema é um pentagrama místico, lapidado na pedra bruta, denso de imagens tecendo um tear de quimeras. Repertório de amores, canta vozes sussurrantes das estrelas. Poema é poema, manto de um santo, enigma, sina do vento dentro do vento que se inflame desejar mais que o acalanto. Poema ao poema é coração unido, etéreo e livre, esperança alada. Uma rota ardente e misteriosa recende aroma de rubras rosas, enlaça em carícias os amantes e enamorados. Poema é o ar que germina nas folhas porosas da aurora. Mãos que afagam na fonte do amor. Acaso no acaso. É paixão na paixão, inscreve na sorte o seu próprio desígnio. Aos deuses se entrega e injeta na alma o alento, abrigo de sonhos, que atravessa o deserto. É o Fênix da alma, que faz o universo renascer ao avesso noutra dimensão. Poeta é o que inventa o poema, que se transforma em poesia.