O serviço dos ministros da Palavra
O Senhor quer manifestar-se através da sua igreja, quer que sejamos cheio da sua glória. Ele quer expressar todas as suas riquezas e sabedoria aos homens, e para isto usará os santos, os chamados do seu nome, a quem enviará capacitando-os em diversos serviços conforme às riquezas de sua graça.
Uma das formas de equipá-los e manifestar a sua vontade clara e nítida é através da sua palavra. Para isto usará os ministros da palavra, que tem o trabalho de ministrar Cristo à igreja, pois só Cristo é o alimento necessário e suficiente para o crescimento espiritual. É certo -e o dizemos com tristeza- que neste tempo muitos ministros têm realizado o serviço que corresponde aos santos, e o monopolizaram para si. Também os santos descansaram nos ministros procurando a sua comodidade. Mas isso não é bom. E ainda que isto pareça certo em muitos ambientes cristãos, Deus segue abençoando a sua igreja, provendo ministros de Cristo para o seu povo. Graças ao Senhor por compartilhar do que é seu.
O Senhor deu à igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, estes cinco ministérios lançam mão da palavra, e transmitem a voz do Senhor, transmitem a vontade do Senhor, inspirados nas Escrituras que já foram reveladas.
Para ver um pouco a ação destes ministérios e a relação com a igreja quero ler no livro dos Atos capítulo 20:17 para extrair algumas lições. Aqui se encontra Paulo, atuando como apóstolo (ministro da palavra), como alguém que foi enviado para fazer a obra. Estando em Mileto faz um chamado para os anciões da igreja em Éfeso. Esta igreja teve um início maravilhoso e Paulo participou ativamente nisso (Cap. 19). Notem que interessante é este discurso. Vou lendo e tirando algumas aplicações.
Verso 17. “Enviando, pois, de Mileto a Éfeso, fez chamar os anciões da igreja. Quando vieram a ele, disse-lhes…”. Aqui já há uma relação do ministério da palavra e o governo da igreja. O ministério da palavra tem a ver com os dons da palavra (Efésios 4), e o governo da igreja tem a ver com os anciões, homens locais constituídos pelo Senhor, confirmados pelos apóstolos, para servir entre os irmãos e coordenar o serviço da igreja.
Paulo manda chamar os irmãos para compartilhar uma mensagem que ele tem, porque segundo ele entendia, já não os veria mais. Isto é realmente importante, notem a recepção ao chamado, o respeito e a sujeição mútua entre ambos. Paulo exorta os anciões e eles recebem a palavra com necessidade, afeto, amor, dependência. É tal a resposta de agradecimento ao Senhor que lhe abraçam, beijam-lhe e lhe acompanham até o último momento (V. 37-38). Irmãos, isto verdadeiramente é um exemplo, porque os anciões poderiam não responder ao chamado ou poderiam dizer: ‘por que tenho que ir? Quem é este? É maior do que eu, é melhor que eu?’. Mas aqui vemos o modelo de Deus em corações tratados pelo Senhor dando importância ao que verdadeiramente é importante -a vontade de Deus- e seguindo-a, sujeitam-se uns aos outros.
No versículo 18 e 19, Paulo começa a falar-lhes com muito amor. “Vós sabeis como tenho me comportado entre vós todo o tempo, do primeiro dia que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda humildade, e com muitas lágrimas, e provações…”.
Paulo diz de si mesmo: ‘Vocês viram o meu testemunho, como me comportei como ministro da palavra entre vocês. Aqui já temos uma pista para vermos esta relação de apóstolos e anciões. Um ministro da palavra soberbo, iracundo, presunçoso e autoritário, nunca irá ser bem recebido. Alguém que ministra a Cristo, que leva o Cristo celestial para transmiti-lo através da mensagem, deve andar com humildade, edificar a igreja com humildade. E junto a isso as suas obras devem atestar por ele.
Assim vemos que somente por estes dois versículos extraímos lições para os obreiros e anciões que dão exemplos de mutualidade, sujeição, obediência, dependência, amor, testemunho e humildade.