A Ontologia dos Alquimistas
Os Alquimistas eram fundamentalmente panteístas, ou seja, consideravam Deus uma energia universal presente em toda a Criação e em tudo o que ela contém. Eram os Alquimistas Filósofos da Natureza e possuíam convicções místicas comuns. Eles tinham sua própria Ontologia, com idéias precisas sobre Deus, o Universo, a Natureza e o Ser Humano. Essa energia pode estar presente tanto no menor grão de areia quanto na mais volumosa estrela. Para esses filósofos, a Natureza era na Terra a expressão mais pura da Divindade.
Para estes Místicos, que ainda perpetuam a Obra da Alquimia, o Universo é naturalmente Criação Divina, em nenhum caso fruto do acaso, ou de uma concorrência de circunstâncias. Por meio dos conhecimentos alquímicos, esperavam eles compreender as leis divinas e os mistérios do Criador. Sabiam esses mestres que o Universo é composto de uma grande quantidade de estrelas e planetas, uma herança dos filósofos gregos. Inspirados no Sol e em nosso sistema solar, consideravam que a Fonte da Vida em sua Quintessência, é o núcleo que emana da Terra. Há ainda que se considerar que a Natureza é um mesencosmo, o mundo intermediário entre o Universo (macrocosmo) e o Ser Humano (microcosmo). Os elementos Terra, Água, Ar e Fogo em suas formas sólida, líquida e gasosa formam a Mãe Alquímica, ou ainda o Grande Laboratório, em certas Obras Herméticas.
O Ser Humano, para estes estudiosos, tem a natureza divina, evoluindo sempre para o estado de perfeição, na busca constante da Alquimia Espiritual. Com efeito o Homem tem corpo e alma, substância e essência, Terra e Céu, e além de tudo, Homem e Mulher. Imaginavam os Alquimistas que o gênero masculino corresponde a um princípio ativo ligado ao Sol; o gênero feminino corresponde a um princípio passivo ligado à lua. Então, partindo desse princípio, entendiam os Alquimistas que Deus, Universo, Natureza e Ser Humano eram indissociáveis, formando uma unidade perfeita. Foi essa a razão que levou Sinésio a escrever num de seus ensaios: “O Adepto em Alquimia não cria, pois só Deus dispõe desse poder; ele pode apenas purificar a matéria e a transmutar por operações sucessivas em sua expressão mais sublime.”
Diante da verdade perseguida pelos Alquimistas e pelos ditames dessa Ontologia, tudo indica que eles eram também químicos experientes, a tal ponto que se costuma dizer ainda em nossos dias, que teve a química origem na Alquimia, a despeito das diferenças importantes que existem entre essas duas práticas.
Concluindo, a Ontologia dos Alquimistas consistia na transmutação de metais comuns em ouro, cuja transmutação não era aplicada diretamente sobre o metal, e sim sobre uma matéria primeira, conhecida por Matéria Prima, um mineral que podia ser encontrado em certos lugares que só os Adeptos conheciam. Então, através dessa Ontologia, a Alquimia tinha um forte significado espiritual, que os Místicos preservam ainda na Atualidade.