Mapa
Quando você
olha no espelho e vê a sua imagem nele projetada, o que você observa? Talvez
um fio de cabelo branco, que surgiu nos últimos dias, ou uma pequena marca de
expressão que ainda não havia notado. Talvez perceba algumas olheiras e
tente descobrir o que as fez aparecer, deixando seu olhar quase sem
brilho. Enfim, é bem possível que você se detenha a observar apenas a sua
aparência exterior, sem atentar para o mundo submerso por trás dessa
imagem. Talvez você nem se lembre do espírito, verdadeiro responsável pela
manutenção dos trilhões de células do corpo físico, que no momento lhe serve de
roupagem.
Sim, o espírito é a essência
do ser. É o grande responsável pela saúde ou pela doença que se manifesta no
corpo. Todas as virtudes ou vícios estão sob o seu comando. Carl
Gustav Jung estabeleceu que o “inconsciente é um verdadeiro oceano, no qual a
consciência se encontra quase totalmente mergulhada. E nesse oceano
encontram-se guardadas todas as experiências do ser.” Por vezes passamos tanto tempo na superfície,
ocupados com as aparências, que perdemos o mapa de nós mesmos, e ficamos a
olhar a imagem refletida no espelho, como se observássemos um ilustre
desconhecido.
Pela falta do hábito de
mergulhar fundo em nossa intimidade, em busca das verdades sobre nós mesmos,
passamos a acreditar que somos apenas o que o espelho nos mostra. E porque
essa imagem que vemos refletida não se conserva eternamente com a aparência que
desejamos, surge o desespero ou o desencanto.
Agora, com esses elementos de
reflexão, olhe-se como um espírito eterno, numa breve experiência no corpo
físico e se pergunte: Quem sou eu? O que faço neste corpo que segue na direção do
túmulo? O que o Criador espera de mim? O que me espera além da morte? Procure
mergulhar nesse imenso oceano desconhecido e você encontrará respostas muito
significativas para entender-se e entender o mundo a sua volta.
Perceberá que você é, como
todo mundo, uma mistura extremamente complexa de capacidades e
limitações. Entenderá que as capacidades são lições já adquiridas e que os
limites estão à espera da sua vontade para serem superados. Fazendo essa
autoanálise sincera, perceberá que existe em você um lado que desconhecia e de
onde emergem, vez ou outra, sentimentos dos quais não tem controle. Descobrirá,
também, que muitas virtudes estavam escondidas sob a baixa autoestima ou sob a
falta de autoconfiança. Perceberá que as nuvens de ilusão muitas vezes não
lhe permitiram ver o despenhadeiro logo à frente onde você se precipitou e se
feriu profundamente. E que esses ferimentos lhe impediram a rápida
retomada do caminho, retardando-lhe o passo.
Tudo isso porque você não se
conhece. Tudo
isso porque você não sabe porque está na face da Terra e o que Deus espera de
você. Tudo
isso porque você perdeu o mapa de si mesmo e navega sem rumo nesse mar imenso e
profundo que existe por trás dessa imagem, velha ou moça, refletida no espelho. Olhe-se
novamente e contemple-se como espírito imortal, que tem sob o seu comando a
manutenção dos trilhões de células do seu corpo físico. Mas se esse
mergulho interior estiver difícil, rogue a Deus para que lhe ajude na busca
dessa pérola preciosa que ele depositou em sua intimidade.
Deus conhece o mapa. E o
Mestre de Nazaré sabia disso. Por isso Ele nos ensinou que o reino dos céus
está dentro de nós. Portanto, arme-se de vontade e descubra esse valioso
tesouro que o Criador guardou na ânfora da sua alma. Com isso você também
descobrirá que é a única pessoa capaz de dirigir seus passos na direção da
felicidade tão sonhada, é essa mesma que você está observando, aí, refletida
no espelho. (Joanna
de Ângelis)