Todos esperam ter uma educação que eduque. Parece tão óbvio, mas
isso não tem acontecido. Mesmo difícil de conceituar o que seria uma educação
ideal, existem alguns parâmetros por meio de exames internacionais e a
comparação com o nível de conhecimento de alunos de outros países. O Brasil tem
ficado na zona de rebaixamento em todos os testes internacionais.
Nos últimos anos, houve avanço na quantidade de alunos
matriculados. Tem sido crescente o ingresso de crianças à escola na idade
correta. Numa proporção inversa, não estão aprendendo. Nos anos sessenta, um
aluno que concluísse o curso primário, correspondente à 4ª do fundamental,
sabia, necessariamente, bem mais do que a grande maioria que conclui um curso
superior hoje.
Segundo estudiosos, não existe alternativa única e conclusiva
para melhorar a qualidade da educação. Mas, as alternativas devem ser buscadas
para que, no conjunto, a qualidade seja alcançada. Os governos, a sociedade e todos os segmentos precisariam
reforçar a importância da educação formal para todos. Há algum tempo a
educação, o ensino e o conhecimento vêm sofrendo uma desvalorização
generalizada. A partir desse valor já mais arraigado, criar as ações práticas
para uma melhoria contínua.
Todas as ações devem se adequar às peculiaridades de cada
região. Algumas, entretanto, devem ser gerais. Em âmbito nacional deveria ser
definido um calendário com a obrigatoriedade de leitura de uma quantidade de
livros para cada ciclo.
Quem terminasse a 4ª série, necessariamente, deveria ler ao
menos 10 livros; para o ensino fundamental, ao menos 50 e para o ensino médio,
em qualquer modalidade, 100 livros. Seriam quotas mínimas. Hoje, a maioria
termina o ensino médio sem ter lido nenhum livro de literatura. Investir de forma efetiva e permanente na formação do corpo
docente para evitar que professores lecionem matérias diversas das suas
formações. Viabilizar uma fiscalização efetiva para auferir a capacidade
efetiva de ensinar. Nenhuma escola averigua isso.
Estabelecer um método de avaliar o conhecimento assimilado pelo
aluno de forma objetiva, e não apenas por testes de perguntas e respostas
prontas e uniformes. Criou-se um círculo vicioso de achar suficiente apontar os
culpados. Os segmentos envolvidos no processo educacional são estanques.
Professores culpam governos, pais e alunos; alunos criticam a falta de
estrutura da escola. É o bastante cada um apontar a culpa do outro.
Só um livro permitiria aprofundar essas questões. Mas aqui é
fundamental que as pessoas tenham consciência de que o sistema carece de
inovação, assumindo os riscos dos inevitáveis erros. Omitir-se e colocar a culpa no outro é uma tática usada há
várias décadas, que não trouxe nenhum resultado. Por mais repetitivo que seja,
a escola tem que ter uma interação com a comunidade, que amplie o conceito de
educar e inclua todos nessa função.
O esporte, a música, a invenção, a educação física, a natação,
as atividades corriqueiras, tal como as demais matérias tradicionais, têm que
fazer parte da escola-comunidade. As justificativas para terceirizar os
culpados precisam ser substituídas por inovações. A omissão pelo medo de errar
precisa ceder lugar às iniciativas, com todos os erros inerentes à criação e
inovação.