O tempo chegou, a redenção foi consumada e Deus foi glorificado – Cristo está à Sua direita no Céu, e o Espírito Santo desce à Terra. Deus inaugura a igreja, fazendo isto de maneira adequada à Sua própria sabedoria, poder e glória. Um poderoso milagre é operado, um sinal do alto é dado.
Está em Atos 2: “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos no mesmo lugar. E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Talvez seja bom fazer uma pausa por um momento e observar algumas coisas conectadas à descida do Espírito Santo e à demonstração de Seu poder nesse importante dia.
Havia ali o cumprimento da promessa do Pai: o próprio Espírito Santo foi enviado do Céu. Esta era a grande verdade do Pentecostes. Ele veio das alturas para habitar na Igreja – o lugar preparado para Ele pela aspersão do sangue de Jesus Cristo. Havia também o cumprimento da palavra do Senhor aos apóstolos: “Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.” Talvez os discípulos não soubessem o significado dessas palavras, mas o fato é que agora estavam cumpridas. A revelação completa da doutrina do “um só corpo” aguardava o ministério de Paulo: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.” (1 Coríntios 12:13)
Além dos vários dons dispensados para a obra de Deus, temos algo mais pessoal, e bastante novo na Terra. O próprio Espírito Santo veio habitar, não apenas na Igreja, mas também em cada indivíduo que crê no Senhor Jesus. E, graças a Ele, este tão bendito fato é tão verdadeiro hoje quanto era naqueles dias. Ele habita agora em cada crente que descansa na obra consumada de Cristo. O Senhor tinha predito esse dia: “Porque o Espírito Santo]habita convosco, e estará em vós” (João 14:17). Esses dois grandes aspectos da presença do Espírito foram totalmente alcançados no dia de Pentecostes. Ele veio para habitar em cada cristão e na igreja; e agora sabemos que Deus não é apenas para nós, mas em nós, e conosco.
Quando “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude”, Ele apareceu na forma de uma pomba – um belo símbolo da imaculada pureza, da mansidão e da humildade de Jesus. Ele não veio fazer Sua voz ecoar pelas ruas, ou quebrar o caniço rachado, ou apagar o pavio que se queima. Porém, no caso dos discípulos que esperavam em Jerusalém, foi completamente diferente. O Espírito Santo desceu sobre eles como línguas repartidas – línguas como que de fogo que pousaram sobre cada um deles. Era o poder de Deus dando testemunho de que aquilo deveria ir além, não apenas para Israel, mas para todas as nações da Terra. A palavra de Deus também julgaria a todos que viriam depois – ela era como línguas de fogo. O juízo de Deus sobre o homem por causa do pecado tinha sido expresso na cruz, e agora tal fato solene deve ser tornado público a todos pelo poder do Espírito Santo. No entanto, a graça reina – reina através da justiça, para a vida eterna, por Cristo Jesus. O perdão é proclamado aos culpados, salvação aos perdidos, paz aos conturbados, e descanso aos cansados. Todos os que creem são, e serão para sempre, abençoados num Cristo glorificado.
O espanto e consternação do Sinédrio e do povo judeu deve ter sido realmente grande na reaparição, em tal poder, dos seguidores de Jesus crucificado. Eles tinham, sem dúvida, concluído que, como o Mestre tinha partido, os discípulos não poderiam fazer nada por si mesmos. Para a maioria, os discípulos eram simples homens iletrados. Mas qual deveria ter sido o espanto das pessoas quando ouviram que aqueles homens simples estavam pregando corajosamente nas ruas de Jerusalém, e fazendo convertidos aos milhares para a religião de Jesus. Mesmo vista apenas historicamente, a cena é cheia do mais emocionante interesse, não havendo paralelo nos anais do tempo.
Jesus foi crucificado e Suas alegações de ser o Messias, à vista popular, tinham sido enterradas em Seu túmulo. Os soldados que guardavam Seu sepulcro tinham sido subornados para espalhar um falso relato quanto à Sua ressurreição; a excitação popular tinha, sem dúvida, passado, e a cidade e a adoração no Templo tinham retornado a seu curso normal, como se nada tivesse acontecido. Mas da parte de Deus as coisas não iriam ser deixadas passar quietamente. Ele estava esperando o tempo certo para reivindicar Seu Filho, e reivindicá-lO mesmo cenário de Sua humilhação. Isso aconteceu de manhã, no dia de Pentecostes. Repentina e inesperadamente, Seus dispersos seguidores reapareceram em um poder miraculoso. Eles ousadamente acusaram os governantes e as pessoas culpadas de Sua apreensão, julgamento e crucificação – que eles haviam matado seu próprio Messias – mas que Deus O havia ressuscitado para ser Príncipe e Salvador, e para colocá-lO em Seu lugar de direito no Céu. “Onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5:20)
A sentença de Babel foi revertida naquele maravilhoso dia. Nas diferentes línguas, pelas quais o homem tinha sido condenado por ter desobedecido a Deus, a salvação é proclamada. Essa poderosa e maravilhosa obra de Deus atraiu a multidão. Eles são surpreendidos, e especulam sobre o estranho acontecimento. Cada um, em sua própria língua do país de onde vieram, ouve dos lábios dos pobres galileus sobre as maravilhosas obras de Deus. Os judeus que habitavam em Jerusalém, não entendendo essas línguas estrangeiras, zombavam. Então Pedro se pôs de pé, e declarou a eles em sua própria língua, provando pelas suas próprias Escrituras, o verdadeiro caráter do que havia ocorrido no grande dia de Pentecostes.