Goiá
Minas Gerais no dia 11 de janeiro de 1935 e faleceu em Uberaba a 20 de janeiro
de 1981. Filho de Celso Coutinho da Silva e Margarida Rosa de Jesus. Nasceu na
rua Raul Soares, numa casa que muitos anos depois ficou conhecida por
“Casa do Períque”. Desde bem pequeno gostava de falar em versos e
incentivado pelo pai que lhe deu o primeiro instrumento musical, uma gaita,
logo passou para um cavaquinho e em seguida um violão. Cantou em dupla com
vários parceiros da cidade, dentre tantos Anterino Coutinho, o irmão Nelson,
Geraldo Telles (Geraldinho do Vigilato), outro irmão José (Zé do Vigilato) animando
muitas festas. Começou a estudar música com o mestre José Ferreira e enquanto
não terminava o curso, passou a ser o tocador de bumbo e em dupla com
Miguelinho (filho do “Miguel do Batalhão), cantaram em arraiais como Chapadão,
Alegre, Mateiro e Santa Rosa, nas primeiras incursões fora de Coromandel.
temporada em Lagamar, foram para Patos de Minas, onde por alguns meses
participaram do programa de rádio “Compadre Formiga”, porém sempre retornava a
Coromandel para matar a imensa saudade de sua terra natal, saudade esta que
futuramente inspiraria a letra de uma música que é considerada um hino do povo
brasileiro “Saudade de Minha Terra”, gravada e regravada na voz de vários
artistas. Em 1953 partiu para Goiânia, então com dezoito anos de idade, juntamente
com o seu pai permanecendo por dois anos, aprendendo muito, em todos os
sentidos. Formou o “Trio da Amizade”, cujo primeiro nome foi
“Rouxinol” com vários programas na Rádio Brasil Central. O trio foi o primeiro
do Estado a gravar disco em São Paulo, dois discos com 78 rpm na antiga Colúmbia,
que depois se tornou CBS. Após algum tempo morando em Goiás, cultivou imenso
carinho especialmente pela cidade de Goiânia, onde deixou grandes amigos como
como Valdomiro (do Bazar Paulistinha ), o popular “Cidão Barbosa”,
também parceiro de músicas, Marrequinho e tantos outros. Foi daí que originou o
apelido “Goiá”, que segundo ele, uma homenagem e agradecimento ao Estado de
Goiás.
grande meta de conquistar seu sucesso em São Paulo, o grande eixo do mundo
artístico. Antes passou na sua querida Coromandel como forma de tomar um fôlego
e alimentar-se do ar puro da praça da velha igreja de Sant’ana, rever o lindo
Poço Verde, pescar no Rio Paranaíba, rever os amigos de infância. Os amigos o
esperaram na placa de cinco quilômetros e foram em carreata até Coromandel,
onde foi recebido com foguetórios, faixas, festas e muitas cantorias. Era o
início de uma nova fase em sua carreira, pois morar em São Paulo já estava
definido, Coromandel foi mesmo o oxigênio para enfrentar uma nova etapa.
Rádio Nacional, nos programas do amigo “Nhô Zé”, transferiu-se para a
Rádio Bandeirantes, onde foi contratado como apresentador de programas,
inicialmente no “Maiador da Fazenda”, do amigo e parceiro Zacarias
Mourão, e posteriormente lançou o “Choupana do Goiá”, além de ser
substituto eventual dos saudosos Capitão Balduíno e Comendador Biguá, em seus
tradicionais programas “Brasil Caboclo” e “Serra da
Mantiqueira”. Casou-se em 23 de fevereiro de 1957, às 17:00 horas, com
Hilda Alves da Silva, na igreja São Rafael, na Moóca, em São Paulo. Hilda é
filha de Mariano José da Cunha (Mariano Theodoro) e de Maria Luíza de Jesus,
também coromandelenses, da família de garimpeiros do Douradinho, “os
Theodoro”.
Coromandel a Patos, Goiânia e São Paulo, jamais deixou de compor suas músicas,
e através delas, chorava a grande saudade de sua Terra, mas tinha em mente um
ideal, e todo ideal exige sacrifícios, e de todos, o maior era a ausência
prolongada de sua cidade, de sua gente. Ficou por longos 10 anos sem voltar a
sua Terra Natal, Coromandel, pois como todo ser humano tem seu orgulho próprio,
Goiá queria voltar a Coromandel, já consagrado na música sertaneja.
totalidade do “cast” sertanejo daquela emissora havia gravado músicas
de sua autoria. Foi para a Rádio Nove de Julho a convite de Geraldo Meirelles e
Zé Claudino, lá ficando por dois anos, quando se despediu, e depois de uma
curta temporada com Zacarias Mourão na Rádio Excelsior, decidiu dedicar-se
inteiramente às composições. Com exceção de alguns meses como
“free-lancer” na Rádio Nacional, no programa “Biá e Seus
Batutas”, nunca mais voltou a apresentar programas, tendo se dedicado, de
corpo e alma aos seus versos.
Um dia, para a alegria do povo de Coromandel, a dupla Goiá e Biá, grava o seu
primeiro LPcom todas as composições de Goiá, e muitas falando de Coromandel e Estado
de Goiás, sendo que nesta época o seu parceiro e cunhado era bem conhecido na
música sertaneja, através da dupla “Palmeira e Biá”, assim
concretizando de vez os seus sonhos no âmago de sua alma. Assim, Goiá mostrou a
sua familiaridade com o violão, pois tinha uma impressionante capacidade de
musicar, não somente suas letras como também de muitos parceiros seus, vestindo
a cada dia uma roupagem nova na “Música-Política-Sertaneja”. E,
sempre acompanhado de grandes personalidades da época, Goiá viveu dias intensos
de viagens e shows por todo esse Brasil.
enfrentam neste país, ele tinha também o seu lado de esposo e pai, sempre
mostrando um carinho muito grande pela família, já composta de três filhos:
Robson, Mary e Hilger; e aí passou a ver o lado financeiro de suas músicas,
pois até então, de direitos autorais, muito pouco recebia, devido a não
regulamentação desse direito no Brasil. Como exemplo, Goiá compôs a trilha
sonora do filme “A Vingança do Chico Mineiro”, onde quase nada
recebeu por um grande trabalho de uma qualidade indiscutível. Por volta do ano
de 1971, começa um tempo negro em sua vida: Goiá passou a ser portador de
diabetes, e como ele mesmo dizia, abusava muito de sua saúde, não se
alimentando corretamente, passando longos períodos de viagens e cantorias,
ficando até três anos sem fazer um exame de sangue sequer. Parte desses abusos
aconteceu em Lagamar, no bar do Marinho, onde era o terminal rodoviário, já em
dependência do álcool esta ainda compunha sobre o balcão do terminal rodoviário
da cidade. Deixando suas últimas canções conhecidas pelos apaixonados pela música
sertaneja.
comprovado: além do açúcar no sangue, Goiá era portador de cirrose hepática, já
bem acentuada, ascite, água no piritônio. De volta a São Paulo, começou a corrida
aos hospitais na tentativa de estacionar a cirrose, e com isso ele perdia peso
assustadoramente. Foi quando, em novembro de 1980, já vivendo praticamente só
de cama, transferiu-se para Uberaba, ficando mais perto de Coromandel, podendo
ser visitado frequentemente pelos conterrâneos, trazendo para si, forças para
continuar, mesmo acamado, a escrever suas canções.
Nos últimos anos de sua vida, Goiá já escrevia para o estilo sertanejo moderno
e já era gravado por Chitãozinho e Xororó, João Mineiro e Marciano, Cézar e
Paulinho, Milionário e José Rico, Duduca e Dalvan, Chico Rey e Paraná e muitos
outros. No dia 20 de Janeiro de 1981, às 8 horas da manhã, morre em Uberaba,
Minas Gerais, Gerson Coutinho da Silva, o Goiá, aos 46 anos de idade, e seu corpo
foi levado para Coromandel e esperado por uma multidão de pessoas, exatamente
na Placa de 5 Km, onde outrora foi sempre esperado pelo seu povo. Seu corpo foi
velado na igreja de Sant’ana e sepultado no Cemitério Municipal de Coromandel,
no dia 21 de Janeiro. No seu túmulo, ficou escrito o que humildemente pediu
numa de suas canções, mostrando mais uma vez a sua natureza humana: “A
humildade, que era o seu gesto maior”.
(Texto da jornalista Sandra Cristina Peripato com algumas adaptações do jornalista Jairo de Lima Alves para as redes sociais e para o site www.tribunadopovo.com)