“Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam
zangado . Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um
me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos
tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um
lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas
exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao
do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um portanto, tinha razão.Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.” (Fernando Pessoa)
zangado . Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um
me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos
tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um
lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas
exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao
do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um portanto, tinha razão.Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.” (Fernando Pessoa)