O início das grandes obsessões é semelhante à pequenina brecha no açude que por vezes não passa de pedra desconjuntada ou de fenda oculta. Os desequilíbrios da alma começam igualmente de quase nada, principalmente por atitudes e sentimentos aparentemente compreensíveis mas que, em muitas ocasiões, se deslocam no rumo de ásperas consequências. Desconfiança. Dúvida. Irritação. Desânimo. Ressentimento. Impulsividade. Falta de vigilância. Amargura. Tristeza sem nexo. Grito de cólera. Discussão sem proveito. Conversa vã. Visita inútil. Distração sem propósito. Na represa, ninguém pode prever os resultados da brecha esquecida. No caso da obsessão, porém, que, no fundo, se define por assunto de consciência, é imperioso que todos nós venhamos a reconhecer que, em toda e qualquer crise de fome, não é o pão que procura a boca.