Introdução à Edição Almeida Corrigida Fiel (ACF)
A BÍBLIA SAGRADA, em Português, é resultado de mais de 350 anos de esforços dedicados, desde quando João Ferreira de Almeida começou o seu trabalho de tradução.
Jovem inteligente, Almeida nasceu em Torre de Tavares, Portugal, no ano de 1628. Aos catorze anos ele já estava na cidade de Batávia (hoje Jacarta, capital da Indonésia). Um dia recebeu um folheto escrito na língua espanhola que o levou ao encontro pessoal com Deus, como “Nicodemos—Saulo de Tarso”. Logo começou a pregar nas Igrejas Reformadas Holandesas (a maior parte do povo, a quem ele ministrava, falava português, pois só fazia um ano que Portugal havia perdido o controle da região).
No ano de 1644, com a idade de 16 anos, Almeida iniciou a sua primeira tradução do Novo Testamento, usando versões em latim, espanhol, francês e italiano. Não contente com essa tradução, anos mais tarde, ele fez uma segunda, desta vez baseada no texto grego, o Textus Receptus (o mesmo usado pelos reformadores). Num folheto chamado Cartas para a Igreja Reformada, em 1679, ele escreveu o seguinte, na conclusão daquela obra, que só foi publicada em Amsterdã, no ano de 1681:
“O Novo Testamento, isto é, todos os sacrossantos livros e escritos evangélicos e apostólicos do Novo Concerto do nosso fiel Senhor, Salvador e Redentor Jesus Cristo, agora traduzidos em português por João Ferreira d’Almeida, pregador do santo Evangelho”.
Almeida chegou a traduzir o Velho Testamento, de Gênesis até Ezequiel 48:31, usando o texto Massorético (hebraico). Não pôde terminar os últimos versículos do livro de Ezequiel, porque o Senhor Deus o levou à Sua presença em 1691, com 63 anos de idade. O volume I do Velho Testamento, contendo os livros de Gênesis a Ester, foi impresso no ano de 1748. O holandês Jacobus op den Akker completou a obra da tradução do Velho Testamento e, em 1753, o volume II foi publicado.
A primeira revisão da Bíblia em português, feita pela Trinitarian Bible Society (TBS—Sociedade Bíblica Trinitariana), foi iniciada no dia 16 de maio de 1837. O Rev. Thomas Boys, do Trinity College, Cambridge, foi encarregado de liderar o projeto. A revisão do Novo Testamento foi completada em 1839. A revisão completa do Velho Testamento só terminou em 1844. O último volume foi impresso em Londres, no ano de 1847. Aquela primeira edição, chamada Revista e Reformada, sofreu revisões ortográficas posteriores, feitas tanto pelo Rev. Boys como por outros, tornando-se, inclusive, uma parte da edição chamada Correcta. Segundo os dados históricos, a edição Revista e Reformada também fez parte do leque das várias revisões que foram usadas para chegar à versão conhecida como a Corrigida. Restou do frontispício da primeira impressão da tradução de Almeida pela TBS uma expressão, “Segundo o original”, ou, em outras palavras, “Fiel aos textos originais”.
No ano de 1968, em São Paulo, foi fundada a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, com o objetivo de revisar, com as devidas correções ortográficas, e publicar a Bíblia de João Ferreira de Almeida, como mais um instrumento nas mãos de Deus para a preservação da Sua Palavra.
A Bíblia na Edição Corrigida e Revisada, foi preparada por pessoas com a mesma convicção do tradutor, João Ferreira de Almeida, de que as palavras das Sagradas Escrituras, originariamente escritas em hebraico, em aramaico e em grego, foram inspiradas por Deus; e, uma vez que Deus preserva a Sua Palavra, as Sagradas Escrituras falam com nova autoridade a cada geração, levando as pessoas à salvação, fazendo com que sirvam a Cristo para a glória de Deus.
Há séculos, a tradução de Almeida tem sido a preferida da grande maioria dos leitores da Bíblia em língua portuguesa. Indiscutivelmente, continua sendo. Almeida seguiu o sistema de tradução chamado “equivalência formal”, assim como fizeram os grandes reformadores; ou seja, tentou traduzir cada palavra, usando o mínimo de palavras de transição, necessárias para garantir a fluência da leitura em português.
É possível dizer que João Ferreira de Almeida é o tradutor mais amado e respeitado; pode-se dizer também que a versão mais respeitada e procurada é a Corrigida. Embora os editores, que publicam as edições denominadas Corrigida, tenham variado na liberdade de modificar ou até de tirar uma palavra ou outra, mesmo assim, todas elas são praticamente idênticas.
Como Almeida, os editores deste texto, a Edição Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original, também conhecido por Almeida, Corrigida, Fiel (ACF), todos crêem que as palavras da Bíblia foram inspiradas por Deus. “Toda a Escritura é divinamente inspirada…” (II Tm 3:16).
Por essa razão, os editores do texto bíblico gastaram anos, com dezenas de revisores, na produção do texto, objetivando modificar o mínimo possível, conquanto corrigissem a ortografia e tirassem qualquer influência do Texto Crítico do Novo Testamento que fora introduzida indevidamente ao trabalho de Almeida.
Princípios de Tradução da ACF Tempo Verbal e Concordância no hebraico: A identificação do tempo do verbo no hebraico continua sendo fator enigmático. Os tradutores foram guiados, pelos critérios de tradução literal, à sequência do tempo dos verbos e ao contexto imediato e evidente.
O nome próprio de Deus no Antigo Testamento: Nas Sagradas Escrituras, o nome de Deus é significativo, e deve ser. É inconcebível pensar em assuntos espirituais sem designação própria da Deidade Suprema. Assim, o nome mais comum da Deidade é Deus, tradução do original Elohim. Um dos nomes de Deus é “Senhor”, que é uma tradução de Adonai. Há outro nome, ainda, particular, que designa o nome próprio de Deus e se expressa pelas quatro letras YHWH (Êx. 3:14 e Is. 42:8). Os judeus ortodoxos não pronunciam esse nome, em virtude da grande reverência que prestam ao santíssimo nome divino. Por essa razão, sistematicamente esse nome foi traduzido por SENHOR, com a única exceção dos casos em que YHWH encontra-se nas proximidades do nome Adonai. Nesse caso, todas as vezes foi traduzido por DEUS para evitar confusão. Sabe-se que durante muitos anos YHWH aparece na transliteração Yahweh; porém não existe nenhuma certeza de que essa pronúncia seja correta.
Itálicos: São usados no texto para indicar palavras não encontradas no hebraico original, nem no aramaico, nem no grego, porém subentendidas no contexto do versículo. Ortografia: Revisões mínimas e aperfeiçoamentos, sugeridos por vários leitores, encontram-se no texto 2007, corrigindo-se erros gráficos, ou ortográficos encontrados nas Edições de 1994 e 1995, e tirando qualquer influência do Texto Crítico do Novo Testamento que foi introduzido indevidamente ao trabalho de Almeida.
O uso do português moderno: Tentou-se substituir qualquer palavra que tenha caído em desuso total. Porém as palavras clássicas, ou não muito usadas, mas que ainda fazem parte da linguagem atual, foram mantidas. Só o fato de uma palavra não ser usada em determinada área do mundo de fala portuguesa não foi a razão suficiente para que fosse cortada ou substituída na Bíblia. Palavras tradicionalmente transliteradas foram mantidas dessa forma.