“Minha
vida foi singularmente pobre em acontecimentos exteriores. Sobre estes não
posso dizer muito, pois se me afiguram ocos e desprovidos de consistência. Eu
só me posso compreender à luz dos acontecimentos interiores. São estes que
constituem a peculiaridade de minha vida e é deles que trata minha
autobiografia.”
Carl Gustav Jung foi um dos maiores estudiosos da vida interior do homem e
tomou a si mesmo como matéria prima de suas descobertas – suas experiências e
suas emoções estão descritas no livro “Memórias, Sonhos e Reflexões”.
Filho de um pastor protestante, Carl Gustav Jung, ainda pequeno, mudou-se para
a cidade da Basiléia, na época um dos maiores centros de cultura da Europa. Lá
realizou seus primeiros estudos. Formou-se em medicina pela Universidade da
Basiléia, no ano de 1900, iniciando a seguir sua vida profissional no hospital
psiquiátrico Burgholzi, em Zurique. Dois anos depois casou-se com Emma
Rauschenbach, com quem teria cinco filhos.
Em 1903 publicou sua primeira obra, “Psicologia e Patologia dos Fenômenos
ditos Ocultos”, fruto de sua tese de doutoramento. Publicou nos anos
seguintes mais três trabalhos, relacionadas à descoberta dos complexos afetivos
e das significações nos sintomas das psicoses. Em 1905 tornou-se livre docente na
Universidade de Zurique.
Em 1907 Jung visitou Sigmund Freud, o criador da psicanálise, em Viena,
iniciando uma estreita colaboração com o mestre, que se mostrou impressionado
com o talento do jovem discípulo. Os dois viajaram juntos aos Estados Unidos em
1909, proferindo palestras num centro de pesquisas. Em 1910 foi fundada a
“Associação Psicanalítica Internacional”, da qual Jung foi eleito
presidente.
As primeiras divergências entre Jung e Freud surgiram em 1912 e logo se
tornaram inconciliáveis. A partir do rompimento com Freud, o analista suíço
vivenciou um período de depressão e introversão, que o levou a trilhar seu
próprio caminho no campo da psicologia.
Em 1917, Jung publicou seus estudos sobre o inconsciente coletivo no livro
“A Psicologia do Inconsciente” e, em 1920, apresentou os conceitos de
introversão e extroversão na obra “Tipos Psicológicos”. A partir daí,
Jung construiu as bases da psicologia analítica, desenvolvendo a teoria dos
arquétipos e incorporando conhecimentos das religiões orientais, da alquimia e
da mitologia.
Sua produtiva carreira se materializou na publicação de dezenas de estudos,
trabalhos, seminários e outras obras. Já octogenário, reuniu em livro as
memórias de toda a sua vida. Carl Gustav Jung morreu aos 86 anos, como um dos
mais influentes pensadores do século 20. (26/7/1875, Kassewil, Suíça – 6/6/1961, Küsnacht, Suíça)