O Caminho Místico para o Novo Homem
sem ao menos ter conhecimento de seu significado. Esta é uma tendência mundial
atual e tem a ver com uma certa mudança sutil que anda em curso no Inconsciente
Coletivo, portanto seria adequado fornecer algumas definições a respeito da Mística
na vida contemporânea. Há muita confusão na mente das pessoas sobre Misticismo,
Esoterismo, Hermetismo e tantos outros conceitos no campo da Espiritualidade. Regra
geral, o Misticismo é uma ciência que abrange amplo conhecimento, podendo ser resumido,
como “a insistência de que
tudo o que é não é tudo!”; “o engajamento na busca do Deus-Mistério”;
“a experiência de Deus”;
“Místico é tudo aquilo que,
mediante a contemplação espiritual, procura atingir o estado de êxtase de união
direta com a divindade”; “místico
é o Adepto que vive do encontro pessoal com Deus ou ainda aquele que aspira a
uma União pessoal ou à Unidade com o Absoluto, que ele pode chamar de Deus,
Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, dentre tantos.A mística está muito em voga nos dias atuais, e a grande maioria pensa em
procurá-la no Budismo, no Hinduísmo ou no Sufismo, entre outras tradições orientais.
Os que anseiam por uma espiritualidade mística, nem sequer cogitam buscá-la no
Cristianismo, e a “culpa” desse fenômeno, é das denominações religiosas que não
procuram entender a dimensão do Misticismo como ciência. No entanto, é bom que
fique claro que a tradição cristã sempre foi caracterizada por fortes correntes
místicas, eis que cada grupo denominado cristão possui a sua mística, que é a
forma como ministra os seus dogmas. O alemão Karl Rahner, um dos mais importantes teólogos do século XX,
proferiu a famosa frase: “O
cristão do futuro será um místico, ou não existirá mais.” Ele
classifica o místico como alguém que não apenas ouviu falar de Deus em algum
lugar, mas O experienciou,
e O percebe, vivenciando-O.
Ao apontar o Caminho Místico no Cristianismo, é fomentada uma ligação com os
místicos das outras religiões, pois os representantes da Mística, desde que
estejam nesse Caminho com uma real disposição e empenhados verdadeiramente na
Busca, passam por experiências semelhantes entre si. Esses buscadores, independente
da religião que professam, não apenas se respeitam como também se amam entre si,
e não pensam em “converter-se” mutuamente. Há interpretações de fato bem
diferentes de uma mesma realidade na Mística cristã, na hinduísta, na budista,
e assim por diante.
É muito fácil perceber que não são poucos os que se definem como
“místicos” sem saber exatamente o que isso quer dizer. Mas os
representantes da verdadeira Mística, em qualquer religião, sempre foram
cautelosos quanto a se chamarem a si mesmos de místicos. Relataram suas
experiências e o caminho da meditação ou da oração contemplativa, mas nunca se
perderam no fanatismo religioso.
Segundo os mestres Agostinho e C. G. Jung, quando alguém se identifica com a imagem do
“místico”, vive a sua necessidade de ser alguém especial, importante,
e muitas vezes o que está por trás desse desejo é a ânsia de ser notado e de se
colocar acima dos outros como
uma pessoa mística, equivalente a “me torno mais interessante”. Este
não é um sentimento espiritual saudável na sociedade moderna.
A Mística não é algo que podemos exigir de nós mesmos. É,
antes, sempre esse salto, do desespero do próprio eu para dentro do Mistério
inalcançável e Infinito, que nos acolhe, conforta e ilumina, e que também pode
nos conduzir no Caminho que o Verdadeiro Místico deva percorrer para atingir a
estatura de um varão perfeito, o que é ideal na vida de um Novo Homem.