O PERGAMINHO SECRETO
“O pecado supremo dos gnósticos e dos seus sucessores cátaros e Templários era pregar a aproximação de Deus por meio da inspiração e ação pessoal independentes das regras das Igrejas ortodoxas. Isso também era verdadeiro em filósofos islâmicos como Averroës, que acreditava que uma partícula da Divina Mente jaz na cabeça de cada pessoa. Pela razão, bem como pela fé, podemos tomar parte da mais elevada sabedoria. O que quer que essa sabedoria possa ser e, por mais infinitos e mistérios que possa haver para atingi-la, todos os buscadores compartilhavam a crença numa única inteligência criativa, a fonte do conhecimento, o Arquiteto do Universo, e tudo o que foi, é e será. Essa era a mensagem oculta dos Brahmins, dos Magos, dos Adeptos, dos Perfecti e dos Grão-Mestres do Templo. Eles não adoravam um crânio, mas a luz dentro dele. Como um bebê aprende a dar um passo ou dois antes que possa andar, também o iniciado podia apenas beijar uma imagem ou um busto antes que pudesse vir a compreender mais. Era esse o significado da adoração da cabeça”. (p.69).
Em 1818 o grande “estudioso do Oriente Joseph von Hammer-Purgstall, escreveu dois livros: O Mistério do Bafomé Revelado e A Culpa dos Templários. “O autor trabalhou para a chancelaria austríaca e seu objetivo era desacreditar a Maçonaria, que era então vista como uma ameaça secreta às monarquias conservadoras européias que reemergiram após a derrota de Napoleão. Curiosamente, sua pesquisa tende a contradizer suas intenções. Ele cita dez conexões plausíveis entre as seitas gnósticas, tais como os Ofitas, Cátaros e Templários e os Assassinos Ismaelitas, as guildas medievais e os posteriores maçons; e então ele segue vilipendiando todas essas fraternidades. (…) Enquanto denunciava os Templários como corruptos adoradores de demônios, Hammer-Purgstall foi bem sucedido em mostrar que eles foram um importante conduto de crenças gnósticas através da Idade Médias às posteriores práticas maçônicas”. (p. 79).
“Nos tempos modernos, muitos sinais do ido culto de Madalena, a Santa Maria da Idade Média, com seus mais de duzentos templos, desapareceram. Por que isso aconteceu? A Igreja medieval foi muito bem sucedida em fazer os cristãos sentirem-se culpados. Seu controle das paixões selvagens jazia na necessidade de expiação que era mediada pelo sacerdote. E muito arrependimento era exigido naquela época cruel e saqueadora. Para os senhores da guerra e cavaleiros, cuja violência e avareza resultavam em pecados consideráveis, Madalena era sua mensageira perfeita – uma mulher maculada, abençoada pelo próprio Cristo. Numa época posterior de materialismo e psiquiatria, à culpa seria dado um desconto e o perdão se tornaria meramente uma confissão de divã. O Vaticano julgou que a pureza seria uma mensagem melhor, particularmente para as mulheres; transgressões seriam expiadas por Ave-Marias, em vez de caminhar com pés sangrentos por caminhos rochosos. O próprio Jung, um dos pais da análise, estudaria alquimia e o Graal em busca das fontes dessas lendas dentro da psique humana. No curso desse progresso, o culto de Madalena e do Graal seria perdido ou confundido”. (Andrew Sinclair)