Circunavegação da Laguna dos
Patos
Margem Ocidental – II Parte (18 a 29.05.2015)
Rumo à Ilha da
Feitoria (18.05.2015) – E é conhecida por Ilha da Feitoria a Ilha de Cangussu,
na Lagoa dos Patos, por ter sido nela, por ordem do governo português,
estabelecida, em 1785, uma Feitoria para o cultivo do linho, que aí dá de
qualidade superior. (Fernando Luiz Osório)
Levando a Bordo El-Rei D.
Sebastião (Fernando Pessoa)
II. HORIZONTE
[…] Linha severa
da longínqua costa —
Quando a nau se
aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o
Longe nada tinha;
Mais perto,
abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar,
há aves, flores,
Onde era só, de
longe a abstrata linha. […]
O Comandante Norberto, através da
Carta Náutica, marcou as coordenadas da Ilha Marechal Deodoro no GPS e
partimos, encobertos pela bruma, rumo à pequena Ilha artificial. Não gosto de
navegar sem divisar o continente, sinto falta das praias, do murmúrio dos
arroios, das grandes figueiras esculpidas pelos ventos, das cores das flores
dos campos, da beleza invulgar das orquídeas e das bromélias. A névoa durou a
manhã inteira e só veio a se desfazer por volta das 13h00.
Depois de navegar por 23 km
aportamos na Ilha Mal Deodoro. O odor de peixes, descartados pelos pescadores,
em decomposição empestava o ar no entorno da Ilha. Fizemos um breve descanso e
partimos rumo à Fazenda Soteia na Ilha da Feitoria.
Aportamos, às
14h00, na Fazenda Soteia, depois de navegar mais 11 km, totalizando 285 km de
circunavegação. Fui, imediatamente, fazer contato com o “Catarina” (caseiro da
fazenda). O Catarina autorizou que acampássemos junto a um tabocal próximo ao
trapiche, rebocou o veleiro com um trator para a margem para que se esgotasse a
água do porão e permitiu que usássemos o banheiro, um conforto muito especial
para humildes marujos. Depois do banho ficamos conversando até as 19h00 enquanto
o Norberto preparava o jantar. Como havia eletricidade, carregamos as baterias
do computador e máquinas fotográficas.
Trepado em um
mourão de cerca, consegui sinal de celular e convidei a Rosângela para passar
um dia comigo em São Lourenço.
Rumo à São Lourenço
do Sul (19 a 20.05.2015)
S. Lourenço –
Fundou-a, em 1858, Jacob Rheingantz, na Serra das Taipas, Município de Pelotas,
com auxílios do governo. Sua prosperidade tem ido gradualmente em aumento.
[…] Os colonos dedicam-se à lavoura e à indústria de criação. A produção
agrícola consiste em trigo, centeio, cevada, milho, feijão, batatas, etc.
(DANTAS)
Partimos cedo, e aportamos na
Pérola da Laguna, “Terra de Todas as Paisagens”, no dia 19.05.2015. A viagem
curta (33 km) transcorreu sem maiores alterações, o vento de proa de até 15
km/h não prejudicou por demais a navegação. Consegui, durante a viagem
contatar, novamente, a Rosângela que já estava a caminho de São Lourenço do
Sul.
Quando nos
acercamos da cidade, a Rosângela já nos esperava na Foz do Arroio São Lourenço.
Aportamos em uma das rampas do Iate Clube de São Lourenço do Sul, o Norberto
acampou nas instalações do Iate Clube e eu e a Rosângela fomos nos hospedar na
Pousada da Laguna Apart Hotel. Foi muito bom poder contar, ainda que por apenas
um dia, da companhia da minha querida prenda e desfrutar dos confortos da
civilização. Totalizamos até agora 318 km de circunavegação.
Rumo à Fazenda
Flor da Praia (21.05.2015)
Lago Verde-Azul
(Helmo de Freitas)
Um medo de andar
solito
Ouvindo vozes e
gritos
E até do barco um
apito
Na sua imaginação
Olhos esbugalhados
Do moleque
assustado,
Olhando aquele mar
bravo
Ora doce, ora
salgado
Num temporal de
verão. […]
Tempos que ainda
tinha
O bailado da
tainha
Quando o boto
vinha
Com gaivotas em
revoada
E entre outros
animais,
No meio dos
juncais,
Surgiam patos
baguais
E hoje não se vê
mais
Este símbolo da
aguada. […]
Helmo de Freitas,
o “Carijó Cantador”, nascido na fazenda Flor da Praia, às margens da Laguna dos
Patos, Município de Camaquã, foi sempre uma figura destaque nos festivais
sulistas. O “Carijó” é pesquisador, letrista, musicista e intérprete de suas
próprias composições.
Despedi-me de
minha querida Rosângela e partimos antes do alvorecer rumo à Fazenda Flor da
Praia, um tiro longo de 53 km. O veleiro do Comandante Norberto apresentou pane
no motor de popa, logo depois de ultrapassar a ponta do Quilombo, e voltou para
São Lourenço do Sul. Perdi uma hora e meia ao ter de retornar até o veleiro,
carregar o material no caiaque e, em virtude disso, não consegui chegar até a
Fazenda Flor da Praia. Tive de pernoitar, confortavelmente, no Engenho (IRGA)
onde fui muito bem recepcionado pelo amigo Jarbas e o caseiro que me cobriram
de atenções. Remei mais do que o programado (56 km), em virtude da pane do
motor de popa do veleiro, totalizando 374 km de circunavegação.
Rumo a Arambaré
(22 a 24.05.2015)
Parti, às 06h15,
para Arambaré onde aportei no Clube Náutico local, às 15h20, depois de
deleitar-me com a visão ímpar das inúmeras figueiras ao longo de toda a margem.
Percorrera 48 km desde o IRGA até Arambaré, totalizando até agora 422 km.
Resolvi pernoitar na Pousada Recanto Gipa e convidar a Rosângela para passar o
fim de semana comigo na agradável cidade, evitando navegar enfrentando ventos
fortes de proa.
Em Arambaré,
recebemos, no sábado (23.05.2015), a visita do grande amigo Pedro Auso Cardoso
e, no domingo (24.05.2015), ao ir até o Clube verificar o meu caiaque,
encontrei os canoístas Rodrigo Ventura Oliveira e Maurício Lima que partiram de
Jaguarão com destino a Tapes. No percurso de Jaguarão a Pelotas os dois foram
acompanhados pelo meu dileto amigo Antonio Buzzo que acompanhou-nos, na
Circunavegação da Lagoa Mirim da Ilha Grande do Taquari (01.01.2015) até a
Ponta do Santiago (06.01.2015).
Rumo à Costa de
Santo Antônio (25.05.2015)
A Rosângela me
ajudou a carregar o material até o Clube Náutico e depois o caiaque até o
Arroio Velhaco de onde parti por volta das 06h20. Aproei diretamente para o
Pontal D. Helena enfrentando ondas de través de mais de metro geradas por um
vento de Sudeste de 20 km/h.
Depois de uma
breve parada no Pontal, continuei a viagem com a proa apontada diretamente para
o Pontal de Santo Antônio com o Sol, pouco acima da linha do horizonte, batendo
de frente o tempo todo. Os bancos de areia no entorno do Pontal D. Helena
forçavam-me a alterar a rota constantemente. O vento aumentou de intensidade e
as ondas de través de mais de metro e meio golpeavam com violência a borda de
Boreste do meu valoroso caiaque “Cabo Horn”. O “Cabo Horn” seguia seu curso
impassível como um Lorde britânico, estável, firme, inabalável como um rochedo.
Aportei uns 4 km
adiante do Pontal. Subi na duna mais alta e tentei falar com o Coronel Pastl e
familiares sem sucesso, finalmente consegui me comunicar com a Rosângela e pedi
que os mantivesse informados de minha progressão.
O vento e as ondas
amainaram e tinha decidido remar, sem parar até o pôr-do-sol, quando, de
repente, fui convidado a ancorar no acampamento de um simpático pescador. O
acampamento simples primava pela limpeza e higiene, dos 17 cães de outrora só
contei quatro agora. É uma parada emergencial bastante interessante, com abrigo
e fogão à disposição.
Despedi-me do
gentil amigo e seu parceiros e continuei minha jornada remando forte
aproveitando o vento de popa. Aproei rumo às falésias procurando encurtar
caminho evitando contornar a longa e suave enseada de Santo Antônio. Por volta
das 16h00, apareceram estranhas nuvens encurvadas e resolvi, por segurança, me
aproximar mais da margem.
Eu tinha de me
aproximar, o mais possível, do Morro da Formiga para que no amanhecer eu
conseguisse chegar até a Vila de Itapoã onde me abrigaria em uma pousada
protegido do mau tempo previsto para a quarta-feira (27.05.2015). Aportei no
mesmo local onde eu e o professor Hélio acampáramos no dia 24.09.2011,
encontrei ali vestígios da enorme fogueira que acendêramos com o objetivo de
sinalizar para o Coronel Pastl. Eu havia percorrido neste dia 63 km,
totalizando 485 km até agora. Montei a barraca atrás das dunas e coloquei o
caiaque como quebra-vento e ancoragem da
barraca caso os
ventos aumentassem.
Consegui, de uma
duna mais alta à Sudoeste do acampamento, falar com a Rosângela e informar-lhe
que estava tudo bem. A noite foi tranquila, a duna amortecia a velocidade do
vento.
Rumo à Itapoã (26
a 27.05.2015)
Acordei cedo,
comuniquei-me com a Rosângela, desmontei a barraca, preparei as mochilas,
arrastei o caiaque vazio para a praia, carreguei o “Cabo Horn” e parti, depois
das 07h30. Aproei para o acampamento dos pescadores da Praia do Canto do Morro
à Oeste do Morro da Formiga.
Enfrentei ondas de
até dois metros de altura na Costa de Santo Antônio, felizmente estas “Três
Marias” mais pareciam rechonchudas e lentas matronas romanas, eu navegava longe
da costa procurando evitar a rebentação. Aportei, depois de remar 18 km, no
acampamento dos pescadores, cumprimentei-os e segui, em seguida, minha rota, já
que meu caro amigo “Bussunda” se encontrava em tratamento de saúde. O
acampamento dos pescadores estava, estrategicamente, protegido dos ventos pelo
Morro da Formiga. Logo que contornei a Ponta da Formiga comecei a enfrentar
fortes ventos de través e contrariando a orientação dos amigos pescadores rumei
direto para o Farol de Itapoã. Logo que atingi a Latitude do Farol procurei me
abrigar dos ventos aproximando-me da Costa Leste. Remei direto até a Pousada dos
Quiosques, por 29 km, sem parar totalizando 532 km. Concluí a Circunavegação da
Laguna dos Patos, aportando na Vila de Itapoã.
1. Assim os céus,
a terra e todo o seu exército foram acabados.
2. E havendo Deus
acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua
obra, que tinha feito.
3. E abençoou Deus
o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus
criara e fizera. (Bíblia Sagrada – Gênesis 2:1-3)
Foram 14 dias, com
3 de descanso. Como o Grande Arquiteto do Universo descansaria 2 dias se
tivesse concluído sua criação em duas semanas, eu humildemente tive de parar um
dia a mais. Foram 532 km de uma dura prova. Nos três dias de descanso a minha
amada Rosângela estava comigo, uma companheiraça. Como a previsão do tempo para
a quarta-feira (27.05.2015) era de muita chuva e vento optei por permanecer
confortavelmente instalado na Pousada dos Quiosques, na Vila de Itapoã. O
velhinho não é de ferro!!!
Rumo à Ilha do
Chico Manoel (28.05.2015)
Parti da Vila
Itapoã, com destino à Ilha do Chico Manoel, às 09h30. As ondas de través de
quase três metros golpeavam a bochecha de bombordo do meu “Cabo Horn” com
violência enquanto rajadas de vento de 50 km/h tentavam arrebatar meu remo. O
caiaque corcoveava altaneiro sem perder o prumo e a rota. Ao passar próximo dos
Pontais as ondas formavam um formidável banzeiro golpeando a proa e a bochecha
de bombordo alternadamente. Lembrei dos tempos de guri quando gineteava com os
irmãos Marcelo e
Maurício Fernandes Hunnicutt os novilhos da Fazenda de seu pai nas Minas
Gerais.
Aportei às 12h00
na Ilha onde o Toco, alertado pelo amigo velejador Christian Willy, já me
aguardava com as instalações em condições. Meu amigo zelador estava empenhado
numa pesada faxina em virtude do temporal do dia anterior. Tomei um banho
quente, coloquei uma roupa seca e ingeri massa crua a título de refeição para
me recompor. Foi um deslocamento de apenas 17 km, totalizando 549 km.
Rumo Praia de
Ipanema (29.05.2015)
Parti às 06h30, o
amigo Toco ligara o gerador permitindo que eu arrumasse minha bagagem com mais
facilidade. Foi um deslocamento lento e tranquilo até a Ponta Grossa onde
cheguei às 08h45. Aportei na Praia de Ipanema exatamente às 10h00 como
programara, depois de remar 18 km, totalizando 567 km. Lá estava o pessoal da
Comunicação Social do Comando Militar do Sul, liderados pela Major Mônica. Dez
minutos depois chegou a repórter Lara Ely da Zero Hora que publicou a
reportagem no dia seguinte.
Zero Hora, sábado,
30 de maio de 2015
Contra Capa
O Coronel da Lagoa
dos Patos
Ondas de quase
três metros e vento de 50 km/h são alguns dos desafios que Hiram Reis e Silva,
64 anos, e seu caiaque enfrentaram durante a jornada de 567 quilômetros desde
Viamão até Pelotas e de lá até Ipanema. A viagem de 14 dias do militar da
reserva pelas águas doces pode virar um livro. Sua Vida | 28
Sua Vida – Página
28
Aventura no Mar de
Dentro
De caiaque, aos 64
anos, Coronel do Exército concluiu ontem volta completa pela Lagoa dos Patos.
LARA ELY
Ao desembarcar
ontem pela manhã na praia de Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre, o Coronel da
Reserva do Exército Hiram Reis e Silva concluiu uma jornada de 567 quilometros
e 14 dias. […]
Comentário Erudito
da Major Eneida
Gostaria de ser um
crocodilo porque amo grandes Rios, pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muitos vivazes e claros, mas nas profundezas são tranquilos e
escuros como o sofrimento dos homens.
Amo ainda mais uma
coisa de nossos grandes Rios: a eternidade. Sim, Rio é uma palavra mágica para
conjugar a eternidade. (ROSA, J. Guimarães)
Instigado pela
minha querida amiga, a Professora Major R/1 Eneida
Aparecida Mader
que, ao ler a reportagem acima, sobre minha Circunavegação da Laguna dos Patos,
escreveu numa rede social:
Sim, EXISTE O PERSONAGEM
de Guimarães Rosa… Parabéns, meu querido amigo Hiram Reis e Silva.
Desde 2009, quando
ganhei de presente, do meu caro amigo e irmão General de Divisão Jorge Ernesto
Pinto Fraxe, o livro “O Andaluz” de Wilson Nogueira que cita textualmente:
Desembarcou aqui
como passageiro comum entre tantos que procuram a Terceira Margem do Rio entre
o Céu e a Terra;
que incorporei,
como minha verdade, que “sou um canoeiro eternamente em busca da Terceira
Margem”, não tinha ideia de que a Terceira Margem já tinha sido mencionada
anteriormente por um dos maiores ícones da literatura brasileira ‒ João
Guimarães Rosa, no capítulo “Terceira Margem do Rio”, do seu livro “Primeiras
Estórias”, no qual o autor conta a história de um homem que abandona o convívio
familiar e passa a viver longe de tudo e de todos em uma frágil canoa.
[…] Mas se deu
que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. Era a sério.
Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha
da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada,
escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns
vinte ou trinta anos. […] Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o
chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou
matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. […]
Nosso pai entrou
na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo – a sombra dela por
igual, feito um jacaré, comprida longa. Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido
a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do
Rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais.
[…] Não pojava em nenhuma das duas beiras, nem nas ilhas e croas do Rio, não
pisou mais em chão nem capim. Por certo, ao menos, que, para dormir seu tanto,
ele fizesse amarração da canoa, em alguma ponta-de-ilha, no esconso. Mas não
armava um foguinho em praia, nem dispunha de sua luz feita, nunca mais riscou
um fósforo. O que consumia de comer, era só um quase; mesmo do que a gente
depositava, no entre as raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do
barranco, ele recolhia pouco, nem o bastável. Não adoecia? […]
Esperei. Ao por
fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto. Estava ali, sentado à popa. Estava ali, de
grito. Chamei, umas quantas vezes. E falei, o que me urgia, jurado e declarado,
tive que reforçar a voz: — “Pai, o senhor está velho, já fez o seu tanto…
Agora, o senhor vem, não carece mais… O senhor vem, e eu, agora mesmo, quando
que seja, a ambas vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na canoa!…” […]
Talvez a minha
querida amiga Eneida tenha captado, mais do que eu próprio, o verdadeiro
sentido do que representa para mim a Terceira Margem. Quando navego “com meus”
diletos Mares de Dentro e Mananciais
em busca da
Terceira Margem do Rio, por vezes ultrapasso o Portal do Conhecimento, volta e
meia vejo além do Véu de Ísis, vez por outra acesso o Registro Akáshico e
consigo conhecer o desconhecido do meu íntimo.
Para que isso seja
possível, porém, preciso realizar minhas viagens solitárias pelos ermos do sem
fim, pois só assim consigo entender os mistérios da minha alma, desvendar os
segredos mais ocultos de meu ser e compreender o incompreensível de meu
cotidiano.
(Hiram Reis e Silva (*), Bagé,
RS, 10 de junho de 2015)